Além dos Pantones: Como o Sistema LAB Revoluciona a Precisão de Cores em Etiquetas

Publicado por: Ricardo Costa

Post Date 3/jun/2025 12:38:05

Quando comecei a trabalhar na indústria gráfica há quase duas décadas, os códigos Pantone eram praticamente sagrados. Lembro-me da primeira vez que segurei um leque Pantone nas mãos - parecia ter o controlo absoluto sobre qualquer cor que pudesse imaginar. "Pantone 286 C" e pronto, problema resolvido.

Hoje percebo que estava apenas na primeira página de um livro muito mais complexo sobre gestão de cores.

A História Que Não Nos Contaram Sobre os Pantones

pantone

Durante anos, aceitámos uma verdade inconveniente sem a questionar. Os códigos Pantone funcionam magnificamente para comunicar intenções cromáticas entre designers e impressores, mas têm uma limitação fundamental que raramente discutimos abertamente: são referências visuais, não fórmulas matemáticas.

Pense desta forma - quando especifica Pantone 485 C, está essencialmente a dizer "quero algo parecido com esta amostra no meu leque". O problema surge porque "parecido" é subjetivo e depende de inúmeras variáveis que estão fora do nosso controlo direto.

A tinta que o seu fornecedor A usa para reproduzir esse Pantone pode ter uma formulação ligeiramente diferente da que o fornecedor B utiliza. Ambos estão tecnicamente corretos, ambos cumprem a especificação Pantone, mas o resultado final apresenta variações que, em determinados contextos, se tornam problemáticas.

Quando "Suficientemente Bom" Deixou de Ser Suficiente

A mudança começou nos sectores mais regulados. Tive a oportunidade de trabalhar com várias empresas farmacêuticas nos últimos anos, e foi aí que comecei a perceber as limitações reais do sistema tradicional. Estas empresas não podem aceitar "quase igual" quando se trata de identificação visual de medicamentos - uma pequena variação cromática pode ter implicações sérias na segurança do doente.

O mesmo aconteceu gradualmente noutros sectores. Marcas globais que produzem em múltiplos países descobriram que o "mesmo" Pantone podia resultar em produtos visivelmente diferentes conforme a geografia. Empresas com linhas de produção automatizadas começaram a enfrentar rejeições de sistemas de controlo de qualidade que detectavam variações imperceptíveis ao olho humano.

Estava claro que precisávamos de algo mais preciso, mais científico, mais absoluto.

O Despertar Para Uma Nova Realidade

lab2A primeira vez que vi um espectrofotómetro a trabalhar foi uma revelação. Em vez de comparar cores visualmente, o equipamento media-as matematicamente. Cada cor tinha coordenadas específicas no espaço tridimensional, como se fosse um endereço único e irrepetível.

Este sistema, conhecido como CIELab ou simplesmente LAB, não era novidade - existe desde os anos 1970. O que mudou foram duas coisas fundamentais: a tecnologia tornou-se acessível e as exigências do mercado tornaram-se mais rigorosas.

Comecei a perceber que enquanto um código Pantone nos diz "procura por uma cor que se pareça com isto", as coordenadas LAB dizem "aqui está a localização exata desta cor no universo cromático". A diferença é a mesma que existe entre dizer "moro perto da igreja" e fornecer coordenadas GPS precisas.

A Transição Que Está a Acontecer Agora

Nos últimos cinco anos, tenho assistido a uma migração silenciosa mas constante. Designers mais experientes começaram a especificar LAB para projetos críticos. Gestores de qualidade descobriram que podiam finalmente quantificar e controlar as variações cromáticas. Responsáveis de compras perceberam que podiam trabalhar com mais fornecedores sem comprometer a consistência.

Esta transição não acontece da noite para o dia, nem precisa de acontecer. O que tenho observado é que as empresas começam por identificar as suas cores mais críticas - logotipos principais, códigos de identificação obrigatórios, elementos de segurança - e gradualmente expandem o uso do sistema LAB conforme ganham confiança e percebem os benefícios.

Na Codimarc, este processo começou quando percebemos que alguns dos nossos clientes mais exigentes enfrentavam desafios que os métodos tradicionais simplesmente não conseguiam resolver. Empresas que precisavam de consistência absoluta entre diferentes lotes, diferentes equipamentos, diferentes fornecedores.

A Diferença Prática no Dia a Dia

Etiquetas_de_Produto_FarmaceuticoPermita-me partilhar um exemplo concreto que ilustra perfeitamente esta diferença. Tivemos um cliente que produzia etiquetas de identificação para equipamentos médicos. O código de cores era crítico para a segurança - cada cor representava um tipo específico de equipamento.

Durante meses, enfrentaram rejeições intermitentes do seu sistema de controlo de qualidade automatizado. O problema? Variações cromáticas de apenas 3-4 unidades Delta E (uma medida de diferença cromática) que eram imperceptíveis ao olho humano mas detectáveis pelos sensores digitais.

Quando fizemos a leitura espectrofotométrica das amostras aprovadas e começámos a trabalhar com especificações LAB em vez de códigos Pantone, as rejeições praticamente desapareceram. O que antes era uma fonte constante de stress e custos adicionais tornou-se num processo previsível e controlável.

O Investimento em Conhecimento e Tecnologia

Implementar um sistema baseado em LAB exige mais do que simplesmente comprar equipamento. Requer uma mudança de mentalidade e o desenvolvimento de competências técnicas específicas. Na Codimarc, este processo levou-nos cerca de dois anos para dominar completamente.

Primeiro, tivemos de aprender a interpretar as coordenadas LAB e compreender como se relacionam com a perceção visual humana. Depois, desenvolvemos processos internos para converter especificações existentes de Pantone para LAB mantendo a fidelidade cromática. Finalmente, criámos sistemas de controlo de qualidade que garantem consistência ao longo do tempo.

O que descobrimos é que esta curva de aprendizagem, embora exigente, nos proporcionou uma vantagem competitiva significativa. Podemos agora oferecer aos nossos clientes um nível de precisão e consistência que seria impossível com métodos tradicionais.

Quando Faz Sentido Fazer a Transição

Nem todos os projetos necessitam desta precisão extrema. Se está a produzir etiquetas decorativas onde pequenas variações cromáticas são aceitáveis, os códigos Pantone continuam a ser uma solução perfeitamente adequada e mais económica.

Contudo, se trabalha em sectores onde a consistência cromática é crítica - farmacêutico, alimentar, automóvel, dispositivos médicos - ou se tem operações em múltiplas localizações que precisam de produzir resultados idênticos, vale a pena considerar seriamente esta transição.

A questão não é se vai acontecer, mas quando. À medida que os clientes se tornam mais exigentes e os sistemas de controlo de qualidade mais sofisticados, a pressão para adoptar métodos mais precisos só vai aumentar.

O Futuro Já Começou

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O que mais me impressiona nesta evolução é como ela reflete uma mudança mais ampla na nossa indústria. Estamos a passar de processos baseados na interpretação humana para sistemas baseados em dados objetivos. É a mesma transformação que vemos noutras áreas - da navegação por mapas para GPS, da meteorologia baseada na experiência para modelos matemáticos complexos.

Na Codimarc, posicionámo-nos deliberadamente na vanguarda desta transformação. Não porque gostamos de tecnologia pela tecnologia, mas porque acreditamos que os nossos clientes merecem o melhor que a ciência moderna pode oferecer em termos de precisão cromática.

Se está a considerar dar este passo, o meu conselho é começar pequeno. Escolha algumas cores críticas, experimente o processo, veja os resultados. A diferença na qualidade e consistência torna-se evidente rapidamente, e a partir daí a expansão acontece naturalmente.

O futuro da gestão cromática industrial já não é uma promessa distante - é uma realidade presente para quem escolhe abraçá-la. E honestamente, depois de ver os resultados que conseguimos alcançar, não consigo imaginar voltar atrás.

Quer compreender melhor como esta tecnologia pode beneficiar os seus projetos específicos? Estamos sempre disponíveis para uma conversa técnica sem compromisso, onde podemos analisar as suas necessidades atuais e mostrar-lhe exatamente como o sistema LAB se aplica ao seu contexto particular. Contacte-nos ou solicite uma demonstração prática das capacidades desta tecnologia.


Na Codimarc, combinamos décadas de experiência em etiquetagem industrial com as tecnologias mais avançadas de gestão cromática. A nossa abordagem integra o melhor dos métodos tradicionais com a precisão científica dos sistemas modernos, oferecendo soluções adaptadas às necessidades específicas de cada cliente.

Autor: Ricardo Costa

O Ricardo é especialista em impressão industrial com vasta experiência em flexografia, offset e impressão digital na criação de soluções de etiquetagem para indústrias regulamentadas, especialmente o setor farmacêutico. Como Designer Gráfico e Técnico de Pré-Impressão certificado, partilha no blog da Codimarc insights práticos e soluções testadas no terreno, transformando complexidade técnica em conhecimento aplicável que dá aos profissionais a capacidade de implementar soluções de etiquetagem mais eficazes, seguras e de acordo com rigorosos padrões regulamentares.

Tópicos: Etiquetas Cores, Rótulos a Cores

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